sexta-feira

Capítulo 10 - B&B (Parte 2)

- Espera um segundo, esqueci de uma coisinha. - Pedi, empurrando Bruno que caiu ao lado de Alice no sofá, voltei correndo no quarto, abri a terceira do meu criado-mudo, estava dentro da caixinha de música que muito me preocupei em afanar daquela casa medonha. Só peguei e botei dentro da bolsinha na minha mão e fechei tudo. A campainha tocou assim que eu pus o pé no corredor outra vez.

Alice andou até a porta, arrumou a franja pro lado, ensaiou um sorriso meigo e abriu a porta pra ele, cujo sorriso em resposta ao dela invadiu a sala, corroendo todo o ar que eu devia estar usando pra respirar. Bruno segurou minha mão. Daí as luzes se apagaram e eu segurei a mão dele de volta.

Faltou energia.

- Parece que foi no bairro todo. - Sal observou pela porta que ainda estava aberta em meio ao breu.

Meus olhos começavam a se ajustar pouco a pouco à falta de luz.

- Acho que as velas estão guardadas por aqui. - Alice disse tateando o caminho atrás do balcão da cozinha. - Merda. Emprestei minha lanterna pra Verônica levar na viagem.

- A minha eu escondi pro Breno não levar. Tá guardada, lá em casa. - Bruno levantou, soltando da minha mão. - Vou lá buscar.

- Ei, espera. - Ele virou pra mim. - A gente ainda vai sair? - Bruno deu de ombros num sorriso frustrado. - Então deixa eu ir com você. Acho que eu vou ficar sobrando aqui. - Alice acendeu a vela e veio trazendo ela pra mesinha de centro da sala, totalmente corada com a minha observação, Sal não prestou atenção, apenas sentou ao lado dela.

- Juízo, viu? - Nós duas dissemos ao mesmo tempo. Eu ri, Bruno puxou minha mão me beijando o rosto, dei tchauzinho pros dois e fechei a porta, jurando que a mão dele segurando a minha ia nos levar ao apartamento ao lado. Mas não.

Como se eu já estivesse vendo muita coisa, assim que eu botei o pé fora de casa, as duas mãos dele fecharam meus olhos e foram me guiando pro outro lado.

- Pra onde nós estamos indo? - Perguntei curiosa. Eu o ouvi rir, tirando as mãos dos meus olhos.

- Você lembra da última vez que viu as estrelas assim?

Eu não sei explicar. Havia milhões de pontinhos cintilantes por toda a extensão da noite, um espetáculo no escuro. Eu nunca as tinha visto alí, tão por perto, um mar de estrelas pedindo pra serem vistas. Quase uma hora foi embora até eu conseguir falar alguma coisa.

- Parece até que elas estavam adivinhando que ia faltar luz, e se arrumaram só pra gente se perder olhando. - Eu disse, sentada na escadaria. Bruno tinha sentado do meu lado, encostando a cabeça no meu ombro.

- Queria ter adivinhado também. Só que como meus planos estão eternamente fadados a não darem certo... - Ele falou, com os olhos saindo do céu e indo pro chão. - Eu só queria uma noite perfeita... Consegui uma vaga pra nós dois jantarmos no restaurante mais caro da cidade, eu até peguei o outro carro do meu , o mais bonito, depois a gente ia... Deixa pra lá. Pelo visto a luz não vai voltar tão cedo... Eu só queria que fosse uma noite importante...

- Ei. - Eu disse sorrindo, levantando o queixo dele para que ele olhasse nos meus olhos. - Você sabe que eu nunca liguei pra essas coisas caras e granfinas. Eu ligo pra gente, nós dois. Eu aqui, você tá aqui e, ... Olha só esse céu! Tem certeza que precisa de mais alguma coisa ainda pra deixar essa noite maravilhosa? Só porque não tem luz não quer dizer que a noite não possa ser perfeita.

Ele continuou me olhando, como se tivessem maquininhas trabalhando na cabeça dele.

- Que foi? Eu falei alguma coisa errada? - Perguntei.

- Sim. Ainda acho que ainda falta alguma coisa.

- Eu posso pelo menos saber o que é?

Bruno sorriu e tateou a própria calça, procurando sabe lá Deus o quê. Tirou de dentro do bolso o celular, apertou algumas teclas aleatórias e aumentou o volume. Então ele disse, pondo o celular no vão da primeira janela fechada alí perto e me levantou:

- Só um bolero meio R&B pra gente dançar juntinho... De rosto colado, pra sentir seu coração bater assim, no ritmo do meu - Ele me levou mais pra perto, me ganhando na dança dele - e os dois no ritmo da música, pra gente rir das bobagens que você diz achando que fez alguma coisa errada e das vezes que você for pisando no meu pé.

Eu sorri toda boba com o jeito dele falando. Nós dançamos no escuro por mais um tempo até mesmo depois que a música acabou. Foi quando ele sussurrou na minha orelha, perguntando:

- Acha que ainda tá faltando alguma coisa? - Eu ri, mordi o canto da boca e sorri levantando a sobrancelha. Sem falar nada, parei de dançar, peguei o celular no vão da janela fechada e saí andando pro apartamento ao lado.

- Você vai vir? - Perguntei quando percebi que ele ainda estava lá parado de pé na escadaria, bobo e lindo com o jeito da minha resposta quieta.

2 comentários:

Ninguém Te Disse disse...

A música no celular de Bruno:
Warwick Avenue - Duffy.
A próxima parte sai na madrugada de hoje pra amanhã (;

Priscila Garcia disse...

*----*
Cada vez q sai um capitulo eu fico + encantada por esse casal.. lindo d+!!