quarta-feira

Capítulo 8 - Belo Desastre (Parte 2)

- Tô namorando. - Primeira frase que eu ouço nesta quarta-feira amanhecendo, Alice. Claro que eu a recebi antes sequer de abrir meus olhos direito, acordar com um tabefe desse no meio da cara assim, sem nem bom dia. - Desde ontem.

Ela contou, com um sorriso sem tamanho no rosto que agora parecia mais radiante, mais feliz, e mais um monte de equivalentes a isso. Eu não podia, nem era capaz de tirar aquele sorriso dela, apesar de (de certa forma) desejar incontrolavelmente o motivo que a deixava tão absolutamente maravilhada.

Resolvi ser a boa amiga que eu não era, tentei sorrir na mesma intensidade, esfreguei os olhos e dei um abraço nela como ha muito não fazia. Eu sentia saudade da minha melhor amiga mesmo ela estando toda santa noite dessa vida na cama vizinha a minha, estava silêncio ainda, Marcela e Verônica ainda estavam dormindo.

- Fico feliz por você. - Por você, não por mim, só pra constar, completei egoísta e mentalmente. - Ele te faz bem.

- Muito. - Ela respondeu suspirante. - Agora levanta que hoje você vai fazer o café.

- Eu?! Por que eu?! Meu dia de café é só sexta-feira! - Me defendi indignada e sem compreender o porquê de alguém querer comer algo feito por mim, logo pela manhã, mais de uma vez na semana.

- Porque sua mãe ligou.

- Como assim minha mãe ligou? O que é que isso tem a ver com eu ter que fazer o café?! - Perguntei, confusa.

- É aniversário da sua irmãzinha esse fim de semana e é feriado e eu propus que fossemos nós duas passar esses dias lá e ela disse que sim. Então nós vamos. - Ela falou tão rapido que eu precisei de alguns segundos para absorver aquilo que ela tava me dizendo.

- Você não fez isso, Alice. Por favor, me diga que você não fez. - Implorei levando as mãos ao rosto. Lice deu de ombros e me olhou com aquela cara de "é pro seu bem". - Você não tinha esse direito.

- Claro que eu tinha, Rebeca. Você é minha melhor amiga, minha família. Eu sei o quanto você sente falta dela, e acho que ela sente isso tanto quanto você.

- ALICE, pelo amor de Deus, aquela mulher me expulsou de casa, ela me abandonou, ela não me queria por perto, ela se recusou a atender meus telefonemas desde o começo do ano, ela só não me quer na vida dela... Eu não vou cruzar o Estado por isso.

- Rebeca, ela ligou, ela quer, é sua mãe! - Ela tentou.

- Acho que ela desistiu dessa parte aí da nossa relação de uns tempos pra cá. Talvez eu queira desistir também.

- É. Você faz o que você quiser, Beca. - Alice disse, desligando o sorriso da tomada de uma vez, levantando da beirada da minha cama em direção à porta do quarto. - Pelo menos você ainda pode ter sua mãe de volta. - Saiu, deixando pra eu varrer os restos da minha cara quebrada lá no chão. E ainda gritou lá da sala - Tanto faz. O café-da-manhã hoje ainda é seu!

Quarta feira de porcaria. Pensei comigo mesma à caminho da porcaria da cozinha, pra fazer a porcaria do café.

- Bom dia pra vocês também! - Falou Marcela, adentrando a cozinha em busca de certas explicações e observando eu, Alice e nossas caras de enterro. - Por que a Beca tá cozinhando? Era minha vez... Vocês duas brigaram foi?

- Você fica com o café da sexta-feira. - Alice disse, varrendo o lugar atrás do sofá que eu nunca varria quando era minha vez. Marcela deu de ombros concordando sem entender porra nenhuma, eu resolvi completar o raciocínio:

- Nós duas vamos na minha casa esse fim de semana. - Alice deu um sorriso discreto na minha direção.

- Você lembra que sua mãe ainda mora lá, não lembra?

- Marcela! - Alice a censurou. Eu continuei calada, prendendo o choro enquanto mexia os ovos, e assim permaneci até depois de tomar banho, me vestir e finalmente sair do apartamento. Sem uma palavra sequer.

2 comentários:

Priscila Garcia disse...

Qd vai postar a continuação da história?? Tô adorando!!! *-*

Priscila Garcia disse...

Se tiver como me mandar as notícias das postagens por e-mail eu agradeço! meu e-mail é priscila_atrevida@hotmail.com

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